terça-feira, 25 de abril de 2017

A paz


Silenciado o som das palavras 
Em verso e canto
Para além das memórias 
E seus doces encantos
Após a prosa, a retórica
E a tola intenção de dizer
Tudo o que ainda há para se dizer
Após esgarçados e esmiuçados
Fatos e não fatos
E o que está por acontecer
Depois de todos os antes e depois
Depois... só depois...

O vaso se ex vasiou
Deixou de ser vaso
E no seio desse vazio
A paz enfim floriu 


MaThas

domingo, 16 de abril de 2017

Palavra viva


Que no oco de minha boca
Não ecoe a palavra muda
A palavra oca

Que minha boca seja uma oca
Templo dos pés no chão
E do calor da dança de roda 

Que minha boca ecoe como uma oca
Templo da reverberação
Da palavra viva enrraizada e  
Sustentada no coração

MaThas

segunda-feira, 3 de abril de 2017

espelhar


ao refletir em mim o que sentiu
você me trouxe um espelho
... não gostei do que vi
a incômoda imagem de um estrangeiro

um estranho que estilhaçou minha imagem
cara de treinado e acertado bom personagem
quase o denunciei como uma fraude
pairei, e em silêncio desisti
tão logo nele me reconheci

estranho mesmo é nunca ter me visto assim...
sim, eu estava ali!
revelado, atrapalhado, ferido e ferindo

eu diante do espelho
não como quem se arruma para sair
mas como aquele que acabou de chegar
perdido e exausto no abraço do próprio lar

ao refletir em mim o que sentiu
você me abraçou e me aqueceu
no confronto desses vários que chamo de eu

MaThas