segunda-feira, 11 de setembro de 2017

No centro


Se os olhos miram o alto
Os pés mergulham no chão
Entre eles
No centro do mundo 
Arde meu coração

MaThas


A rara flor de Deus


A rara flor de Deus
      aquela que não pode ser colhida, 
      nem cheirada, 
      vista ou regada
reconheceu-se como a rara flor de Deus

O que há mais para ser feito?

MaThas


Mesmo Ser



sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Meu Deus


Só mesmo o pensar poderia formular
Uma pergunta tão descabida como
Qual o seu Deus?

Qual o meu Deus?
Meu Deus não é meu, nem seu
Não é de ninguém, nem do nada é
Meu Deus não pertence

Meu Deus não se sabe Deus
Absoluto não se sabe em nada
Não se falta, não se completa
Meu Deus não precisa

Só posso saber de meu Deus
Quando não sei mais de mim
Quando não estou mais aqui
Para chamá-lo de meu Deus

Que sentido há em nomear
Aquele que jamais morrerá
E que nunca nasceu?
Como apontar e definir
Qual o meu Deus
Se ele não é ele, nem ela
Nem isso nem aquilo?

Sobre meu Deus?
Meu Deus É, e só
Dança e canta no silêncio
Onde não há mais perguntas
Onde não há mais quem pergunte
Onde não há mais nenhuma necessidade 
De Deus

MaThas

Doce liberdade


E se mais nada eu pudesse fazer?
Se mais nada me restasse querer?
E se assim me encontrasse, uma
Folha amarelada do vento à mercê?

Suprema e doce liberdade!

Nenhuma trilha a ser percorrida
Nenhuma fruta a ser colhida
Nadando nu no vazio
Sem pegadas nem mapas
Sem cargas nem etapas

MaThas


quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Entre margens



Mistério


Não há mistério algum
em nenhum canto do Universo
Tudo é canto e verso no Um

Mistério é como a nota chama a melodia
como a letra sozinha se refere à poesia  

MaThas


Barqueiro de mim



A poça e o mar


A poça na beira do mar
pede aos céus:
"Que eu possa ser o mar!"

Não sabe ela 
que assim será
na próxima onda
que a levar

MaThas


Presença


A vida é essa verdade 
anônima
múltipla
farta
fresca
e reluzente 
presente na cara de todos

MaThas


Liberdade

Tudo aquilo que pode 
ser percebido por você
não é você!

Levar essa distinção 
às ultimas consequências 
é o bastante para a liberdade 

MaThas

sábado, 22 de julho de 2017

Alma


Palavra viva


O texto mais valioso
Aquele onde a vida pulsa em primeira pessoa
Não pode ser registrado por nenhuma escrita
Nem confinado em nenhum papel
Não é posse dos letrados
E dele não há tradução ou correção

O texto mais valioso 
É sagrado
Labareda da alma  
Que arde em palavras vivas
Palavras riscadas no céu 
E traçadas na água

MaThas

Palavras de ninguém

Estas palavras que sem trégua
Discursam no saguão de tua cabeça
E livres circulam por tua boca e ouvidos
        
         Não são tuas!
         (E não são de ninguém)

Só haverão de a ti pertencer
Como verdades encarnadas no corpo
E futuro antecipado 
Após fundidas e adotadas 
No calor do coração

MaThas

sábado, 10 de junho de 2017

Luz atemporal


Entardeço...
É de mansinho que a noite me envolve
Num abraço terno e silencioso
Me deixo...

Embalado nesse quase breu
Meus olhos reconhecem as primeiras estrelas

Verdades atemporais
Veladas pelo clarão da razão
Luminosas no descanso do eu

MaThas


Para o céu


sexta-feira, 26 de maio de 2017

Vida eterna


Talvez a vida seja isso 
que assim de imediato 
em todo e qualquer ato
se apresenta e se desfaz 
Contínuo pulsar de roteiro fugaz
encena plena a divindade
na sempre breve eternidade
       
        Aqui e ali e além 
        a vida se faz assim       
        ao mesmo tempo 
        dentro e fora de mim

MaThas

terça-feira, 23 de maio de 2017

Sê tranquilo e volta para casa


Se você desconfia que algo imprescindível lhe falta
e já procurou por Isso 
escalando o topo de distantes montanhas,
se embrenhando no seio de virgens matas,
ou no mistério que preenche as cavernas,  
ou ainda no fundo escuro do mar 
ou então no fim de uma longe e árdua trilha... 

Se você já percebeu que Isso que lhe falta
tão pouco pôde ser encontrado e saboreado
em vitrines, etiquetas, telas, tendências e cartões,
ou qualquer outra coisa que você possa 
tocar com seus olhos, mãos e intenção...

Se você já se deu conta dessa contínua
e frustrante busca Disso que lhe falta,
e que sequer nomeado ainda foi,
então talvez seja a hora de voltar para a casa...

Desacelere o passo, solte o rosto e respire devagar...
O caminho é aqui mesmo!

Sê tranquilo e volta para casa.
Senta em ti mesmo.
Suporta-te 
e volta-te para o chão onde pisa,
este mesmo chão que de fato nunca abandonaste.
Sê tranquilo e fica
como um rei em tua própria casa.

MaThas

quinta-feira, 11 de maio de 2017

domingo, 7 de maio de 2017

O mesmo muitos


Antes fosse eu o mesmo
uno, inteiro e coeso
Antes não fosse remendado
foz de imigrantes assentados
coro de vozes e desejos dissonantes
incoerência orquestrada 
pelo anseio de ser eu o mesmo
uno, inteiro e coeso

MaThas


Ser maio



terça-feira, 25 de abril de 2017

A paz


Silenciado o som das palavras 
Em verso e canto
Para além das memórias 
E seus doces encantos
Após a prosa, a retórica
E a tola intenção de dizer
Tudo o que ainda há para se dizer
Após esgarçados e esmiuçados
Fatos e não fatos
E o que está por acontecer
Depois de todos os antes e depois
Depois... só depois...

O vaso se ex vasiou
Deixou de ser vaso
E no seio desse vazio
A paz enfim floriu 


MaThas

domingo, 16 de abril de 2017

Palavra viva


Que no oco de minha boca
Não ecoe a palavra muda
A palavra oca

Que minha boca seja uma oca
Templo dos pés no chão
E do calor da dança de roda 

Que minha boca ecoe como uma oca
Templo da reverberação
Da palavra viva enrraizada e  
Sustentada no coração

MaThas

segunda-feira, 3 de abril de 2017

espelhar


ao refletir em mim o que sentiu
você me trouxe um espelho
... não gostei do que vi
a incômoda imagem de um estrangeiro

um estranho que estilhaçou minha imagem
cara de treinado e acertado bom personagem
quase o denunciei como uma fraude
pairei, e em silêncio desisti
tão logo nele me reconheci

estranho mesmo é nunca ter me visto assim...
sim, eu estava ali!
revelado, atrapalhado, ferido e ferindo

eu diante do espelho
não como quem se arruma para sair
mas como aquele que acabou de chegar
perdido e exausto no abraço do próprio lar

ao refletir em mim o que sentiu
você me abraçou e me aqueceu
no confronto desses vários que chamo de eu

MaThas

terça-feira, 28 de março de 2017

O Ciclo


No seu devido tempo a verde folha descoloriu-se
E com elegância outonal se transfigurou... amarelou
Despediu-se dos braços da mãe e voou
Num voo leve de uma morte breve
Derradeiro salto em que a folha se ofertou
Para com o próprio corpo compor o chão
O mesmo chão que alimenta sua mãe
A árvore que amarelou e se despiu após o verão

Hoje a folha se foi
Amanhã a árvore secará
A estação em que as folhas voam 
Deste inverno não passará
Todos passageiros, brotando ou desfolhando
Todos de passagem, nessa ou em outra estação

Além de tudo o que passa há o Ciclo
O Ciclo que a tudo e todos perpassa
O Ciclo que dança
E em poesia
Morte e Vida enlaça  

MaThas


domingo, 19 de março de 2017

O vão da construção


Até então me entendia como uma parede
Erguido firmemente, tijolo a tijolo
Alicerçado, rebocado e pintado
Ainda que assim, eternamente inacabado

Uma parede construída no tempo 
Tijolos de uma vida, a minha vida
Empilhados, alinhados e suados
Cimentados em linguagem
Obra que reconhecia como minha própria imagem

Até então era como uma parede
Conjugado com espaços de não-eu
Janelas, portas, corredores
Vãos sem tijolos, cimento ou acabamento
Vãos de não-eu, vir-a-ser de todos os momentos

Até aqui me entendia como uma parede
Obra concreta e no tempo em construção
Até que então, a parede veio ao chão....
Desmoronou sem dor, poeira ou estrondo
Aqui neste chão se esparramou e aqui mesmo suspirou

De tudo que caiu só uma janela restou
Memorial do não-eu, o vão do monumento 
Moldura da passagem sempre alheia 
Se chegou ou se partiu, se entrou ou se saiu 

Aqui estou e sei que sou 
Aquilo que não se toca e jamais cai
O eterno vão da janela
Na dança da vida só ele não se vai

MaThas

terça-feira, 14 de março de 2017

Humano


foi com dedicação que reguei
esta pequena muda de goiabeira
enquanto em segredo desejava 
morder a fruta daquela macieira

                                        MaThas

sábado, 11 de março de 2017

Zendo




Mulheres


Não encontrei palavras para descrever uma mulher...
Indefiníveis como a existência, o amor, a noite, a luz
E tudo aquilo mais que faz a vida valer a pena

                                                                                             MaThas


quarta-feira, 8 de março de 2017

Chamados




Canção ao Divino


Que Tua graça e beleza floresçam em minha vida
Que meu corpo não resista a Tua dança
Nem minha boca ao Teu canto 
E meus ouvidos a Tua melodia
Que meu olhar repouse em Tua imagem
E meus passos não desviem do Teu caminho
Que este coração não tema o chamado
E siga por vales, montanhas e cidades louvando-Te
Que eu não resista ao convite
Que eu possa desistir... 
Desistir totalmente de mim
E me entregar... sem reservas
Em Teus braços

MaThas


domingo, 5 de março de 2017

Bons ventos


Aqui, nesse espaço aberto, venho pedir a ti Bons Ventos
Que de leve me leve para aqueles destinos 
que minha vista ainda não alcança

Se não puder levar-me, Bons Ventos
Poderia talvez trazer-me o frescor e os aromas 
daqueles distantes bosques verdejantes

Se nada puder trazer-me, Bons Ventos
Peço-lhe que disperse as carregadas e densas nuvens desse ar

Se isso não for possível, Bons Ventos
Brinque de bagunçar meus cabelos 
ou de vassourar as folhas no chão
Ou quem sabe alegrar o menino com sua pipa ainda na mão

Se não houver brincadeira alguma, Bons Ventos
Peço-lhe que acorde aquele velho sino 
para seu ofício de soar o sagrado

Se não puder despertá-lo, Bons Ventos
Talvez uma dança com varais cheios 
ao som do farfalhar nas copas das árvores

Mas se mesmo a arte não ventar, 
ou nada mais do que peço ventilar

Querido Bons Ventos, esqueça esse meu implorar
Pouco importa, em nada me chateio
Continuarei menino a sorrir e a voar
De braços abertos, solto em seus braços
Nesse instante sem laços e de alma solta no ar    

MaThas

quarta-feira, 1 de março de 2017

Darshana



As fotos que a NASA revelou não revelam 
O chão de praia lá do longínquo céu
Nem as pérolas da bela e graciosa galáxia dervixe
Não, a NASA não revelou a intimidade das estrelas de lá
Essas fotos revelaram a mais profunda intimidade
De quem sou aqui neste chão
Desnudaram este astronauta
Que decolou sem foguete
E orbita agora no Vácuo

Eis me aqui

Um nada extasiado
Filho das estrelas
Feliz pó do universo
Pleno de unidade e aconchegado
Na imensidão do ventre cósmico

                                   MaThas




A hora extrema


... e por fim chegará a hora extrema, momento que o chão é tirado dos pés e o salto no eterno se dá por completo

belo, irrevogável, intransferível, irretocável, definitivo, conclusivo, pleno, perfeito... insondável destino... 

nada para segurar, nada a levar, nada a completar, nada que não a silenciosa implosão em uma só direção

nada mais que só ser... o salto

(para a mãe do Elias)

                                                       MaThas

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

É bem aqui




Vida


A vida é mistério que se dá
A todo instante, em qualquer lugar

Assim como ondas na beira-mar
Carece aqui pedir, impedir ou rejeitar

Mistério que pare aquilo que está
Ainda oculto ao tolo e cego olhar
Que já julga saber, assim, como será
Aquilo que ainda estar por se dar

Se a vida é convite à criar
Apenas um sim, sorrido, há de bastar

                                                          MaThas


Trans


A Flor e o Ser
Quem se atreverá descrever?
Deixemos isso pra lá...
Além de nós
Só há o desabrochar

MaThas

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Deixa


Pelo menos por um instante
Deixa...
Deixa as coisas serem, sem acréscimo
Apenas deixa...

Deixa o celular tocar e a mensagem chegar
Deixa o face postar, o crédito acabar
Deixa a cidade acordar, barulhar, crescer
Deixa os carros acelerarem, buzinarem, se engarrafarem
Deixa o caos ser o que é, caótico...

Deixa as pessoas olharem e pensarem, deixe-as falarem
Deixa que procurem, acreditem e comprem o que quiserem
Deixa a grama crescer, a nuvem passar e o sol brilhar
Deixa a lua pratear, ou não, quando a noite chegar
Deixa o pássaro cantar e deixa-o ir, voar
Deixa o cachorro latir
Deixa a criança chorar... e deixa-a brincar 
Deixa-te ser amado, rejeitado, comparado, tocado
Deixa seu time perder e a validade vencer
Deixa a fumaça subir e a chuva cair
Deixa a notícia sair, deixa-a passar
Deixa seu filme queimar e sua cara se revelar
Deixa a fome chamar, deixa as unhas crescerem
Deixa a idade chegar, o tempo apressar e o corpo pesar

Deixa a música tocar, e acabar
Deixa a moça desafinar
Deixa a vida correr, deixa o vento levar
Deixa a próxima inspiração inspirar e deixa ir todo o ar
Deixa seu filho crescer, cair e levantar, e deixa-o andar
Deixa esquecido o bilhete premiado e perdido
Deixa o coração sentir, a emoção brotar e aflorar
Deixa a cabeça pensar, planejar, programar, sonhar
Deixa irem os que já se forem, que descansem
Deixa Deus em paz...

Deixa tudo ser exatamente como já é
Deixa tudo seguir seu próprio curso
Deixa a fisionomia sem retoques
Deixa as pessoas chegarem e deixa-as que partam
Deixa o relógio bater e o programa começar

Deixa o mundo ser o que é, deixa-o girar
Deixa, por um breve instante, de controlar
Deixa tudo ser como é...
Sem sua mão, sem sua intenção
Deixa...
E se acaso for insuportável deixar
Deixa que o insuportável seja de fato... insuportável
Deixa...
Pelo menos por este instante.

MaThas



Equívoco




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O mistério e a flor


Com o botão nos dedos
Vem o forte querer
De a flor logo expor
Ou de seu desabrochar reter

Abandone-se ao ver
Que em vossa pretensão
Não há e nem cabe
Tamanho poder

A força que conduz
Esse e todo botão
É pleno mistério
Não está em vossa mão

Flores se abrem
Em festa silenciosa
Quer se queira ou não

Aquilo que já são
É aquilo que serão
Exalar perfume e cor
Pulsaria nelas outra intenção?

Quem haveria de pedir
À uma delas 
Que não fosse flor?
Quem seria capaz 
De o mesmo fazer 
Com seu amor? 

Bela é a leoa rugindo 
Bela é a flor se abrindo 
Bela é a Vida em mistério
Que sem se explicar
Vai nos conduzindo

MaThas

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Quando sei...




O lance

Por vezes
é tolice fazer
tudo aquilo que está 
ao nosso alcance

Benditas vezes
em que basta apenas 
dar-se mais uma chance

Sem esforço
a vida se vira 
e desata nós 
no piscar de um lance


  MaThas

Tua vida


Que a tua vida não seja apenas uma vida boa
Que ela possa ser temperada e costurada com significados
Que o vento não sopre sempre a favor
Que possamos aprender a de fato velejar
Que nem tudo dê certo e de acordo com nossos planos
Que haja espaço para o inesperado, o improviso e a criação
Que nenhum dos castelo de nossas verdades
Seja poupado das invasões dos bárbaros questionamentos
Que nenhum recuo seja permanente
E que nem o avançar e superar sejam eternas imposições
Que a vontade de acertar não nos afaste de nossos equívocos
Que haja abertura para aprendermos com tudo, quando possível
Que não façamos do tropeço e da falha nossos fantasmas
Que o sorriso nunca se congele no medo do ridículo
Que nem sempre haja um guarda chuva à mão
E que a chuva seja generosa, e nós, entregues
Que nenhum sucesso nos faça esquecer quem somos
Que nenhum fracasso nos faça esquecer quem somos
Que quem somos possa ser sempre revisto
Com nossos sucessos e fracassos
Que a vida não se resuma na soma do passar dos anos
Que valha a pena, que seja sentida e que tenha sentido
O teu sentido

                                                                     MaThas

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Louvor à chuva mansa

Em terra seca
Chuva forte pouco adianta
Regar mesmo
Só amorosa chuva mansa

Afago demorado que encharca o chão

Acorda a semente
Desabrocha o coração 

Se terra com pedra parece

De longa e ardente sede padece

Que peito não se enternece
Se regado daquilo que tanto carece?

Deságua chuva mansa
Benção do céu que tudo alcança
Irriga nossos afetos e plantas

Deságua chuva mansa
Embala-nos em seu murmurar
Todo teu ser nesse pranto 
Doce e sem nenhum lamentar

Louvo-te chuva mansa
Que cais devagar e vais fundo
E sem nenhum alarde
Acarinha e renova esse mundo

                                      MaThas

                                

Siga leve...





domingo, 5 de fevereiro de 2017

Bolhas de sabão


Bolhas de sabão
que a brisa leva 
em qualquer direção
e que ao ínfimo toque
nada mais são  

Bolhas de sabão 
no derradeiro ploft 
me abrem a visão 
na impermanência 
somos todos irmãos


                   Mathas



Além dos meus botões


E eu aqui
cá com meus botões...
        suspirando pelo amor
        desejando felicidade
        sonhando com a liberdade

E eu aqui
cá com meus botões...
       embutido na cela justa
       da minha própria pele
       protegido e sem verve

E eu aqui
cá com meus botões...
       imaginando me libertar e
       florescer sem precisar
       nenhum botão desabotoar

E eu aqui
cá a me despir...
        desmantelando minha prisão   
        desnudando o fato que os meus botões
        são justamente os meus grilhões

E eu aqui
cá comigo... 
         agora fora da casa
         a pele ao vento 
         aberto à novas confecções
         para além de meus botões...


                                                       MaThas




sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Pensando melhor





Na brisa


A brisa me sussurou palavras...
Na brisa soltei poemas...

Eles se foram livres

Cantando aquilo que não consigo dizer
Emancipados se vão
Fluindo por ruas, cantos e céu
Levando sem nenhum pesar
Um pouco do meu sonhar

Solidão de não mais sabê-los...

Foram acolhidos em algum coração?
Serão par da melodia em alguma canção?
Que cabelos e orelhas brincaram de roçar?
Serão mansos sussuros para novos poemas?

Respostas que a brisa não traz...



                                                 MaThas


Um início

Não me sabia poeta
Por temer o que viria
Desfolhei o medo
Floriu a poesia

                     MaThas