terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
Os felizes
Felizes os que não se opõem à infelicidade,
que ventilam no peito espaço o bastante
para os descompassos do coração.
Felizes os que livres da culpa suportam dizer não
e os que desprovidos de culpa aguentam dizer sim.
Felizes os que não se levam tão a sério,
exemplos de nada exemplar,
caros e valiosos desespeciais.
Felizes aqueles que esqueceram as credenciais
e mesmo assim foram...
Felizes os que não decoraram a lição,
não emolduraram em ouro o diploma
e que em nada são doutores.
Felizes os que improvisaram um caminho
que foi reimprovisado depois, e depois e depois.
Felizes os que não temem temer
e que sentem exatamente o que sentem.
Felizes os que não têm nada para vender ou convencer,
os de mãos vazias, cara limpa e pés no chão.
Felizes os que por não saberem-se felizes
não comemoram ou perseguem a felicidade,
nem prendem-se a motivos para brincar, sorrir e chorar.
Felizes mesmos são os que amam
sem justificativa, medo ou pudor.
Felizes são os que não se convencem por convenção alguma.
Felizes os que tem um balde para chutar
uma melodia para desafinar e tempo para perder.
Felizes os alheios à justificadas fontes da nossa infelicidade.
Felizes os que se encantam
com aqueles que nos lembram que a felicidade
nada mais é que um estado de esquecimento.
MaThas
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